sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O Toque Benéfico da Atenção


Donald E. Smith

Há pouco tempo, encontrava-me num grupo de psiquiatras, psicólogos e sacerdotes, discutindo uma questão fundamental: qual o requisito mais importante, isoladamente, num conselheiro, para ajudar as pessoas em dificuldades ? Visão? Experiência? Preparo Técnica?

Terminada a discussão, uma resposta se destacava com uma clareza espantosa. A pessoa com maiores possibilidades de conseguir resultados é aquela que tenha dominado a arte de prestar atenção. Isto mesmo - prestar atenção.

O motivo é simples. Cada um de nós tem, no íntimo, a necessidade de ser ouvido. A falta dessa desejada atenção dá origem a uma dor psíquica que poucos suportam. A criança chorosa que fica puxando a saia da mãe, o adolescente insubmisso, o marido conquistador, a mulher rabugenta, o desordeiro das ruas - todos, até certo ponto, estão expressando o mesmo grito de desespero: Eu quero a atenção de vocês !

Recentemente, um casal trouxe seu filho, cabeludo, de 14 anos, ao nosso ambulatório. O garoto havia fugido de casa e voltado, afinal, mas nem por isso as coisas haviam melhorado.
-Nós lhe damos tudo - disse a mãe, perturbada. - Não sabemos o que há com ele.

Depois que o nosso terapeuta conquistou a confiança do menino, descobriu logo o que havia de errado.

- Meus pais não me ligam. Nunca fazemos nada juntos. Meu pai nunca olha para mim quando tento falar-lhe. Minha mãe está sempre me perseguindo por causa do meu cabelo, mas nunca me ouve!

Dissemos a esses pais:
- Vocês precisam aprender a dar atenção a esta criança. Dar significa separar-se de alguma coisa de valor, no caso o tempo e a preocupação com seus próprios interesses. Se não fizerem isto, vocês estarão rejeitando seu filho.

A rejeição fere. A atenção cura. É só isso.

Que pode uma pessoa normal fazer para aumentar a sua habilidade nesta arte delicada e freqüentemente esquecida? Creio que há quatro coisas:

1. Aprenda a ouvir atentamente. A arte de prestar atenção inclui abrir seu espírito e seu coração, e focalizar a outra pessoa com toda a intensidade e toda a percepção de que for capaz.

Lembro-me de um jovem casal que veio a nós, em busca de conselho, porque havia um fato que parecia repetir-se na vida social dos dois. Eles eram apresentados a um segundo casal, e ficavam amigos. A princípio, tudo costumava ir bem. Mas, com o correr do tempo, a esposa começava a perder o entusiasmo, achar defeitos, e se retraía. O marido, achando que sua esposa estava sendo tôla e antipática, reagia com hostilidade e com raiva. O casamento deles estava em perigo.

Foi só quando insistimos com o marido para que prestasse uma atenção profunda à esposa, que alargasse seu espírito e sua imaginação ao ouvi-la, que ele compreendeu a motivação verdadeira do comportamento dela. Era medo de que ele pudesse achar os amigos mais interessantes do que ela. Uma vez que o marido compreendeu isso, a solução era óbvia: mais compreensão, maiores demonstrações de afeto, uma confiança renovada. No entanto, sem uma atenção profunda, tal compreensão teria sido impossível.

2. Ensine o seu ego a conter o fôlego. Todos nós somos egocêntricos durante grande parte do tempo. Cada um de nós é um ator, procurando impressionar uma platéia e ocupar o centro do palco. Mas, se você quiser dar bastante atenção a outro ser humano, precisa treinar o seu próprio ego, ávido de atenção, a parar de competir pelas luzes, deixando que estas brilhem sobre outra pessoa.

Temos uma palavra para descrever as pessoas que sempre deixam de fazer isto: são os maçantes. Por outro lado, existem pessoas cuja modéstia chega quase ao heroísmo. Ainda outro dia li a respeito de um moço, internado num hospital de doentes mentais, cuja depressão era tão profunda que ele se afastara completamente da realidade. Não falava. A terapia parecia não adiantar. Nada conseguia atravessar as barreiras que havia erguido entre ele e o mundo exterior.

Havia algo nesse jovem que comoveu e interessou um capelão que trabalhava no hospital, como voluntário, e que resolveu estabelecer contato com o paciente. Dia após dia ele continuava a tentar. Às vezes lia trechos de livros ou de jornais. Às vezes fazia perguntas ao paciente, ou lhe contava histórias. A resposta era sempre a mesma: silencio.
Meses depois, sentado com o jovem num banco, de frente para a janela, o capelão começou a comentar a cena lá fora: o céu de verão, as folhas balançando ao vento, um esquilo correndo pelos galhos de uma árvore. De repente, uma voz incerta e rouca falou num sussurro hesitante:

- Eu ... tinha um esquilo de estimação, antigamente.

Afinal as barreiras se haviam rompido - porque uma pessoa fora capaz de fazer com que o seu próprio ego sustasse a respiração durante o tempo suficiente para que uma alma perdida e atormentada pudesse sentir o toque benéfico da atenção.

A pessoa equilibrada tem probabilidades muito maiores de poder ser discreta do que uma pessoa insegura. Isto quer dizer que, antes de poder aprender a dar atenção profunda à outra pessoa, você precisa primeiro dar atenção a si mesmo, e desmanchar o seu próprio emaranhado emocional. É certamente a isto que se refere a Bíblia, em seu mandamento de "amar ao próximo como a si mesmo". Ela quer dizer que não se pode amar ao próximo, a menos que se esteja em paz consigo mesmo. Poucos dentre nós poderão alcançar o desprendimento total. Mas cada um de nós pode tentar fazê-lo, e, quanto mais nos aproximarmos dele, mais poderemos dar atenção benéfica àqueles que dela necessitam.

3. Exercite a paciência. Prestar uma atenção profunda não é questão de formar conceitos precipitadamente. Muitas vezes é necessário esperar, ouvir, e estar a postos, até que a pessoa a quem se está. dando atenção encontre a sua própria salvação.
Não faz muito tempo, no ambulatório, um artista veio pedir o nosso auxílio. Era inteligente e talentoso, porém muito solitário, muito retraído. Seus quadros refletiam isto: eram pequenos, minuciosos e rigidamente controlados. O nosso terapeuta trabalhou com esse homem durante vários meses, quase sempre ouvindo, enquanto o pintor descrevia a sua vida infeliz. Finalmente, um dia, o artista disse:

-Tenho a impressão de que o mesmo motivo acompanha toda a minha vida, minha pintura, minhas relações com as pessoas, tudo. Tenho medo de me abrir, de me comprometer. Estou começando a achar que é porque me sentia tão rejeitado em criança. Meu problema é que tenho pavor de ser rejeitado de novo.

O terapeuta sabia disto havia já algum tempo. Mas foram necessárias semanas de atenção paciente e compassiva, até que a compreensão realmente proveitosa surgisse do íntimo do próprio homem.

4. Procure interessar-se. De nada adianta dar atenção - ou fingir que se dá atenção - a uma pessoa, a menos que você realmente se interesse por ela, a menos que esteja disposto a compartilhar de seu sofrimento e de seus problemas. Nós, os conselheiros profissionais, precisamos manter uma atitude distante e impessoal. Mas também precisamos interessar-nos, e a pessoa perturbada precisa sentir que nos interessamos. De outra forma, nada se conseguirá.

Esta capacidade de projetar o interesse é a essência de todas as relações humanas profundas e duradouras. E o que é maravilhoso nela é que, quando a pessoa infeliz sente que alguém se interessa por ela, muitas vezes é capaz de começar a se interessar mais pelos outros. O amor libera o amor: é assim, direto e milagroso.

Há alguns anos, numa pequena cidade do Meio-Oeste americano, havia um cantor que fizera algum sucesso excursionando e dando concertos, até que começou a beber. Aos poucos, tornou-se um farrapo humano. Uma pessoa religiosa daquela cidade contou ao sacerdote o caso do cantor. O ministro foi encontrá-lo num torpor alcoólico, e o levou para um hospital. Teve alta no Dia de Ação de Graça. O ministro e sua esposa convidaram o homem para jantar com eles, e se ofereceram para ajudá-lo em tudo o que pudessem. Quando se despediram, asseguraram-lhe que haveria um lugar pára ele à sua mesa, todos os anos, no Dia de Ação de Graças.

O cantor voltou para a sua bebida aniquiladora. Um ano depois, estava trabalhando como servente de hospital, o único emprego que havia conseguido arranjar. Uma noite, uma paciente que estava à morte ouviu-o cantando baixinho, para si mesmo, na entrada. Pediu que ele cantasse um hino para ela, mas uma amargura qualquer, no seu íntimo, fez com que ele recusasse.

Posteriormente, ele escreveu ao sacerdote: "Eu estava com uma garrafa em meu quarto no porão, mas não a abri. Fiquei sentado ali, durante muito tempo, lembrando-me do que o senhor disse acerca do Dia de Ação de Graças. Fiquei realmente preocupado. Raciocinei que, se o senhor e sua esposa puderam encontrar tempo para dar atenção a um bêbedo desclassificado como eu, o mínimo que eu poderia fazer era cantar para uma mulher que estava à morte. E assim, afinal, voltei lá para cima, e cantei um hino."

Isto foi há seis anos, e desde então o homem não bebeu mais, Hoje ele está casado e ganha muito bem como cantor.

A atenção pode assumir tantas formas quantas forem as necessidades humanas: Pode até aparecer como obediência à disciplina, nos casos onde houver falta de disciplina. Há anos, quando Anne Sullivan, professora de Helen Keller, encontrou sua aluna pela primeira vez, viu uma menina de seis anos, cega, surda e tão indomável quanto um animal selvagem. A criança tiranizava sua família. Se não fizessem o que queria, dava beliscões, pontapés e mordia as pessoas. Anne Sullivan tratou o problema pelo único método possível. Toda vez que a meninazinha a beliscava, dava-lhe um tapa. Crueldade? Não. Atenção? Sim. Atenção apoiada pela afeição, motivada pelo interesse. Posteriormente, quando Helen Keller escreveu suas memórias, os tapas foram esquecidos, enquanto ela relembrava aquele dia remoto, em que pela primeira vez vira a sua querida professora:
"Senti passos que se aproximavam. Estirei a mão, ao que supunha, para minha mãe. Alguém a pegou, fui levantada e segurada nos braços daquela que tinha vindo para me revelar, todas as coisas e, acima de tudo, para me querer bem."

A moeda de ouro da atenção - aprenda a dá-la graciosa e alegremente, que os dividendos hão de voltar, derramando-se sobre você.


DONALD E. SMITH é diretor da Fundação Americana de Religião e Psiquiatria, na cidade de Nova York. A instituição oferece conselho profissional aos pacientes e treinamento em terapia psiquiátrico-religiosa aos sacerdotes.

Seleções do Reader's Digest - Junho/1969 - Condensado de Guideposts



segunda-feira, 8 de agosto de 2011

"Cedo ou tarde a gente vai se encontrar!"

aos 3 anos: "Papai, te amo."
aos 11 anos: "Pai, me dá aquele brinquedo."
aos 16 anos: "Meu pai é tão irritante."
aos 18 anos: "Eu quero sair de casa."
aos 25 anos: "Pai, vc tinha razão."
aos 30 anos:" Eu quero voltar pra casa do meu Pai."
aos 50 anos: "Eu não quero perder o meu Pai."
aos 70 anos: "Eu abriria mão de TUDO pra ter meu pai aqui comigo."...

Lembre-se: Você só tem 1 pai.

Parabéns meu Heroi !

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